Por que a alimentação da lactante é tão importante?
Com tantas mudanças, informações da família e da mídia, algumas lactantes ficam com dúvidas, principalmente em relação a alimentação durante o período de amamentação.
Os alimentos que a lactante consome determinam a qualidade e o sabor do leite materno, ajudam a preparar o bebê para a fase da introdução alimentar e influenciam diretamente na disposição da mãe.
Uma boa alimentação ajuda na recuperação pós-parto (incluindo melhor cicatrização e diminuição da flacidez).
Também evita a deficiência de vitaminas e minerais, além de ajudar na perda gradativa de peso sem prejudicar a saúde ou a produção de leite.
Para tentar ajudar as lactantes nesse período especial da vida, reuni abaixo as dúvidas mais comuns que eu recebo durante os meus atendimentos.
A alimentação da mãe pode gerar cólicas no bebê?
As cólicas são caracterizadas por períodos prolongados e recorrentes de choro, agitação e irritabilidade sem motivo aparente.
Elas podem aparecer desde o nascimento e se estender até os 5 meses de idade, contudo, não interferem no ganho de peso e nem causam febre.
Tudo isso acontece porque o intestino do bebê está sendo colonizado com bactérias e a flora intestinal está sendo formada.
Deste modo, o resultado é a geração de gases os quais o bebê tem dificuldade em eliminar.
Por consequência o resultado são as dores abdominais que causam as cólicas, entretanto é importante frisar que isso tudo faz parte do desenvolvimento do bebê.
Além disso, muitos mitos alimentares são propagados a respeito da relação das cólicas com a alimentação da lactante, os quais acabam confundindo a mãe.
É comum ouvir que lactante não pode comer feijão, queijos, iogurtes ou tomar leite, mas isso não passa de mito popular.
Até o momento NÃO existem estudos científicos que comprovem que a alimentação materna aumente ou diminua as cólicas nos bebês.
Esse tipo de pensamento pode levar à mãe a diversas restrições alimentares que podem atrapalhar o seu estado nutricional e, por conseguinte, desenvolver problemas de saúde relacionados à má nutrição.
Somente nos casos em que o pediatra avaliar que as cólicas estão fora do normal ou suspeite de refluxo ou algum tipo de alergia (por exemplo: APLV – alergia à proteína do leite de vaca, trigo, ovo, etc.), será necessário que a lactante faça algumas restrições alimentares, caso contrário não.
Vale lembrar que o Nutricionista Materno Infantil é o profissional mais indicado para elaborar uma alimentação de acordo com as necessidades da lactante.
Como saber se a suplementação da lactante está adequada?
No período de lactação as necessidades nutricionais são maiores por conta da amamentação e da recuperação pós-parto, principalmente nos casos de cesariana, pois requer maior quantidade de nutrientes para favorecer a cicatrização.
Para saber se os nutrientes ingeridos estão sendo suficientes é necessária uma avaliação detalhada da alimentação e da suplementação em uso.
No dia a dia as lactantes ficam muito envolvidas nos cuidados com o bebê e acabam não se alimentando bem ou nos horários adequados.
Com isso, é comum esquecerem de tomar os suplementos, o que pode fazer com que elas se sintam cansadas e estressadas, podendo inclusive comprometer o cuidado com o bebê.
Além disso, uma análise criteriosa de exames laboratoriais, sinais e sintomas, como por exemplo a perda de peso, hábito intestinal, disposição, hábito de sono, e etc. é imprescindível.
É importante ressaltar que os benefícios de uma boa alimentação durante a lactação beneficiam tanto a lactante quanto o bebê.
Por exemplo, uma lactante com suplementação adequada de ômega 3 produzirá um leite materno de melhor qualidade e promoverá no bebê um melhor desenvolvimento cognitivo.
Quais alimentos aumentam a produção de leite materno?
Ainda hoje há quem acredite que alimentos como canjica, cerveja preta ou água inglesa aumentam a produção de leite.
Contudo, isso não passa de mais um dos diversos mitos populares.
Diversos estudos científicos comprovam que o único alimento que realmente aumenta a produção de leite materno é a água.
Para aumentar a produção de leite materno, é necessário que a lactante:
- Esteja tranquila e autoconfiante para amamentar;
- Se sinta apoiada pela família no cuidado com ela e com o bebê;
- Beba pelo menos 3 litros de água por dia;
- Durma ou descanse sempre que o bebê dormir;
- Tenha uma alimentação saudável baseada em alimentos naturais, conforme sugerido pelo Guia Alimentar da População Brasileira;
- Conte com profissionais que apoiem o aleitamento materno.
Além disso, é importante que o bebê tenha uma boa sucção, ou seja, pega adequada com uma boa frequência de mamadas.
O ideal é que a mãe e a família recebam orientações sobre aleitamento materno desde a gestação para se sentirem mais seguros após o nascimento do bebê.
Enfim, como vocês viram, para aumentar a produção de leite não basta só garantir nutrientes, é preciso ter um olhar ampliado, pois a mãe precisa de todo o suporte familiar e emocional para garantir o aleitamento materno.
O novo Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos traz informações bem completas sobre esse assunto.
Como saber se o leite materno está sendo suficiente para o bebê?
Essa é uma das maiores dúvidas entre as mães que amamentam, pois elas não conseguem ter ideia do volume de leite que seu bebê está mamando.
Diferente de uma mamadeira, onde é possível verificar a quantidade que o bebê mamou, não é possível saber qual volume o bebê sugou na amamentação.
Isso gera insegurança entre as mães, pois elas começam a achar que seu leite está sendo insuficiente ou que seu bebê chora por fome.
Essa dúvida é ainda pior no primeiro mês, porque a mãe ainda está aprendendo a lidar com o bebê.
Caso a lactante esteja com dúvidas se o leite materno está sendo suficiente, o ideal é conversar com o pediatra.
Durante a consulta a família deverá ser ouvida, a fim de entender o que pode estar atrapalhando o aleitamento materno.
Além disso, também será avaliado o ganho de peso médio do bebê, para que seja possível avaliar se o leite que o bebê está recebendo está sendo suficiente para o seu crescimento e desenvolvimento adequado.
Caso seja necessário, o pediatra também poderá solicitar uma avaliação de outros profissionais como o Nutricionista Materno Infantil, a fim de ajudar no apoio ao aleitamento materno.